Mudar é difícil. Faz parte do ser humano atuar em sua zona de conforto e qualquer reflexão acerca disso, normalmente fica na esfera intelectual. Sabemos de nossos erros e acertos, mas muitas vezes continuamos com as mesmas ações e reações, até que algo aconteça que nos force à mudança! Enquanto caminhamos a passos curtos, o mundo em sua complexidade global continua também, a dar voltas e voltas, em espirais, já que acontecimentos passados parecem retornar de tempos em tempos, sob as mais variadas vestes, mas com os mesmos paradigmas retrógrados, autoritários e desafiadores.
Se nós mesmos não mudamos, o mundo tampouco mudará.
Não bastaram os genocídios, o nazismo, a bomba atômica, o fascismo, ou seja, tudo de imoral, cruel e abominável que já aconteceu à humanidade, de tempos em tempos, recrudesce o fascismo, porque na realidade nunca morreu, é uma parte do ser humano que quer o poder porque quer. Vide o que acontece na China com o tráfico de órgãos, as prisões na Coréia do Norte, o totalitarismo, o terrorismo, a falta de assistência aos inúmeros refugiados e etc, etc, etc…
O que acontece em qualquer lugar do mundo repercute no todo, já que somos uma rede interligada, por diversos fatores, o que também envolve o aspecto psíquico. Paira no ar uma atmosfera estranha, estranhíssima.
Um presidente é eleito por um colégio eleitoral, mas a maioria da população não votou nele. Direitos adquiridos são colocados de escanteio, de uma hora para outra, que o digam as mulheres e estrangeiros. Muros se erguem, onde deveria haver diálogo, negociação, tolerância, troca. Países sofrem intervenções e guerras explodem, o terrorismo avança na Europa, enquanto os imigrantes morrem no mar ou na terra, já que ninguém os quer, são os inimigos da vez, imigrantes que querem apenas viver e terroristas são colocados na mesma categoria.
E por aqui, partidos detém o poder apenas por ser oponente de outro partido. Nenhuma proposta concreta de melhoria, ao contrário, volta-se no tempo, aos 90 km por hora nas marginais. Mesmo provando-se estatisticamente que acidentes mortais diminuíram consideravelmente com a menor velocidade nas marginais. Para que manter algo assim, não é mesmo? Melhor colocar ambulâncias à disposição para os possíveis mortos.
Afinal, a cidade cinza só ficará mais cinza e assim, apagam-se histórias, possibilidades, artes, poesias e sonhos.
Os pensamentos que nortearam o fascismo voltam com força, nas redes sociais, nas ruas, nos governantes… Será que volta porque temos medo daquilo que não conhecemos? Então, todo desconhecido é inimigo? O autoritarismo vigente nos tempos atuais seria uma revanche para o medo? O medo do terrorismo elegeu um presidente. Desde quando o medo, por si só, pode ser bom parâmetro para escolhas?
O discurso de ódio ou sectarismos não espelha no outro o que está dentro de nós mesmos?
Momento delicadíssimo. Assim começam-se as guerras, a destruição, a coisificação do ser humano. Assim, conjecturamos com a falta de ética, com a diminuição de nossa dignidade humana. Os inimigos sempre são os que não concordam com aquilo que pensamos? Nunca será possível conviver com a diversidade humana, sem que haja julgamentos e linchamentos?
Lucrar a qualquer preço não é um caminho viável, afinal, quando esgotarmos os recursos naturais… melhor procurar outro planeta do que tentar melhorar este aqui, não é?
Haverá espaço para o crescimento de nossa parca dignidade humana, nesta terra tão tolerante, que abriga seres tão intolerantes?
Tempos voláteis, tanto que a vida de uns poucos vale muito, e outras vidas tão humanas quanto, simplesmente não valem nada. Um bando de moleques espanca um vendedor até à morte, porque estavam com raiva!
Que tempos tristes vivemos, sem ética, sem poesia, sem arte, sem conhecimento, sem empatia, sem solidariedade e compaixão. Quando foi que o Ser Humano perdeu sua Alma? Alentador: Comentário do guru, líder espiritual indiano, falecido em 2011, Sathya Sai Baba, em alusão ao período de transição que estamos atravessando:
Não há mais maldade, o que há é mais luz. Hoje em dia as mentiras e ilusões são percebidas cada vez mais rapidamente. ( …) Quando aumentamos a intensidade da luz, também aumentamos a intensidade da escuridão, o que explica o aumento de violência irracional nos últimos anos. Estamos vivendo a melhor época da humanidade desde todos os tempos. Seremos testemunhas e agentes da maior transformação de consciência jamais imaginada. Informe-se, desperte sua vontade de conhecer estas questões. A ciência sabe que algo está acontecendo, você sabe que algo está acontecendo. Seja um participante ativo. Que estes acontecimentos não o deixem assustado, por não saber do que se trata.
Assim espero. E para você, de que forma podemos melhorar nosso mundo?
Por Cristina Sano – atriz e roteirista
Ótima e procedente reflexão… o que faremos de nosso futuro escrevemos hoje… o que deixaremos como legado aos nossos descendentes? Que haja luz sobre as nossas trevas…
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¨Se nós mesmos não mudamos, o mundo tampouco mudará.¨ Perfeito!!!!!
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Muito bom seu artigo!
Sobre sua questão: quando foi que o ser humano perdeu sua alma?
Vários filósofos se debruçaram sobre o porquê de o ser humano ter se tornado egoísta.
Mas, principalmente, Rousseau, Hobbes e Locke chegaram mais perto.
Quando ainda éramos nômades caçadores e coletores, não tínhamos nenhum tipo de bem material. Vivíamos como os demais animais, sustentando os membros da tribo e procurando comida.
A partir do momento em que começamos a nos fixar na terra, iniciando a agricultura, começamos a cercar nossa propriedade e a nos defender dos intrusos que vinham nos roubar. Foi a propriedade e a luta por mantê-la e ampliá-la que deu origem à chamada “guerra de todos contra todos” de que fala Hobbes.
Para dar fim à essa guerra, foi criado o Estado.
Como prosseguimos desejando cada vez mais bens materiais, é lógico que nosso egoísmo, insensibilidade, injustiça, falta de Ética, falta de empatia e de alma, aumentaram também ao longo dos milênios.
Exaurindo a terra, os recursos naturais e energéticos e aumentando exponencialmente a população, os dejetos e a desigualdade, é certo que não teremos futuro à longo prazo.
E conseguir outro planeta habitável para nos mudarmos ainda está num horizonte muito distante.
Unamo-nos, pois, os que refletem sobre isso, percebem o que está acontecendo e ainda conseguem se sensibilizar e realizar uma mudança dentro de nós mesmos e de nossos filhos.
Parabéns pelo Blog. Está ótimo.
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Olá, Fernando Castilho, obrigada pela leitura e pela sua contribuição aqui no Blog. Continue nos acompanhando, pois toda semana teremos novos artigos, um beijo!
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